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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Da paz

Hoje li no site do jornal O Globo que ocorreram pelo menos 6 arrastões nas últimas 24h no Rio. Essas questões me fazem refletir sobre a realidade do nosso planeta. As pessoas (incluindo eu) reclamam da violência, da impunidade, da injustiça. Entretanto, o que é que nós fazemos para mudar esse quadro? Quantas vezes paramos pra pensar em ajudar o outro, sem esperar nada em troca? Será que a paz é esperar que o mundo mude, de uma hora para a outra? Ou é ter pequenas atitudes, pequenos gestos que façam com que o outro reflita e veja que ainda existem outras soluções possíveis?

Criticamos os bandidos. Algumas pessoas, inclusive, são a favor da pena de morte. Será que essas pessoas já subiram uma favela para ver a situação deplorável em que esses seres humanos se encontram? Pessoas que vivem sem saneamento básico, com uma educação pífia, sem direito a medicamentos, sem direito a exames médicos, sem direito à chamada cidadania. Aí vêm uns e dizem que eles não pagam água, não pagam luz, que possuem mais conforto do que aqueles que não estão lá em cima. Acho engraçado pensar assim. Se acha que a situação deles é melhor, por que então não se vai morar na favela? Creio que os motivos que citei acima são mais do que suficientes...e não se deve esquecer de que aqueles que moram nos morros também são seres humanos e que deveriam ter as mesmas coisas a que nós temos direito.

Penso que, para a paz se tornar viável, a primeira coisa a ser feita é se colocar no lugar do outro. Tentar entender o funcionamento daquela mente, os motivos que os levaram a tomar atitudes extremas. Será que nós faríamos diferente caso estivéssemos no lugar deles? Não estou justificando ou sequer aprovando a atitude de matar ou roubar. Pelo contrário. Acho que essas pessoas devem sim serem punidas. Mas o que deveria ser pensado é que elas poderiam ter seguido um outro caminho caso tivessem investido nelas, caso elas tivessem tido acesso a uma boa educação ou a uma qualidade de vida decente.

Enquanto a sociedade não perceber que é preferível prevenir do que remediar, não pode haver tranquilidade. Pitágoras já dizia, há mais de 2500 anos: "Educai as crianças, e não será preciso castigar os homens".

3 comentários:

  1. O favelado nasce, é colocado no mundo, sem direito nenhum, só são lhe cobrados deveres.

    Ele cansa de ser sujeitado, oprimido, busca sua afirmação como sujeito no mundo. Alguns, com um pouco mais de oportunidade, conseguem trilhar um caminho; os sem oportunidade legais, por exemplo, descem do modo que podem para buscar esses direitos, sem saber por onde começar, ou o que vai alcançar.

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  2. Muito bom o texto!!! Essa questão da violência é realmente preocupante e, na minha opinião os governos precisam trabalhar em duas frentes: a punição para os bandidos e a prevenção para um futuro menos violento, através de melhorias na educação (tá... seu sei que é clichê, mas é a ÚNICA saída), medidas contraceptivas (pra que ninguém "jogue" filhos no mundo sem responsabilidade) e uma infra-estrutura mínima de sobrevivência a todos (água, luz, saneamento, etc...).

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  3. Começa-se com a lógica de que diversas pobrezas (como material e cultural) causam a violência, a isso soma-se a prerrogativa do Estado de sanar tais pobrezas e ao mesmo tempo reprimir a violência. Alguém tem ideia do resultado de uma equação de adição em que uma das partes é um bando de burocratas sedentos de poder e a outra é uma população louca (literalmente) para que o governo tome conta de todas as partes da sua vida?

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