De acordo com a Knight Center for Journalism, organização que monitora o trabalho dos jornalistas nas Américas, o Brasil é o segundo país mais perigoso para o exercício da profissão. Em alguns anos, alguns dos grandes expoentes da imprensa foram assassinados barbaramente durante seu trabalho em favelas, áreas de risco ou guerras urbanas. Hoje, mais uma vítima dessa corrida por vender a informação foi feita: o repórter cinematográfico Gelson Domingos morreu durante a gravação de uma matéria para a Bandeirantes. Isso remete a uma questão importante que precisa ser revista: qual o valor da informação quando se lida com vidas?
É importante mostrar à sociedade o que de fato está ocorrendo no mundo. Apresentar o lado obscuro que não se vê todos os dias, a fim de que todos percebam que é preciso ocorrer mudanças estruturais na sociedade. Entretanto, não dá pra mandar pessoas pra uma zona de guerra sem o mínimo de proteção. Os grandes veículos sabem o que ocorre nesses lugares e enviam funcionários para trabalhar, sem que haja preparo suficiente e ainda precisando manejar instrumentos que de nada servem para salvar suas vidas. A informação, nesse ínterim, vem na frente dos seres humanos. Seres esses que também possuem seu valor e que poderiam contribuir muito mais com projetos que não ameaçasse suas vidas.
É imprescindível mudar as diretrizes que delegam funções para repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. O Sindicato dos Jornalistas, que deveria ser mais ativo do que é, poderia aproveitar o momento e solicitar mudanças. Porque já basta de jornalistas mortos. Basta de profissionais respeitados perdendo espaço para a guerra.