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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Da bipolaridade social



Já pararam pra pensar no quanto vivemos numa sociedade de opostos? Pois bem, explico: vivemos num planeta onde dois lados sempre se confrontam: o certo e o errado; o bem e o mal; o branco e o preto; o homem e a mulher; o yin e o yang. Onde está o erro disso? Será que seríamos capazes de cogitar um universo diferente dessa realidade? Talvez não, mas ainda sim é preciso tentar.

As guerras, as matanças e a ganância humanas têm início na ideia de que existem diferenças. Penso que mais do que uma questão econômico-política, entra em cena a questão do ser. O homem carrega em si toda uma série de ideias pré-concebidas e acaba não exercendo o direito de deixar o próximo ter a sua livre escolha: cada qual carrega em si a sua verdade e quer enfiá-la no outro, tentando mostrar que o seu lado é o correto, que aquilo que ele acredita é o melhor para todos. Essa questão já começa na infância, quando a criança é corrigida, sendo podadas diversas de suas características mais profundas. Não que não seja preciso moldar a criança para viver em sociedade, claro que é preciso ensinar a ela que o mundo não é só a realidade em que ela vive, mas, para isso, é preciso ensinar a ela que o outro possui seus direitos e pode errar ou acertar.

Vive-se numa sociedade em que todos são juízes uns dos outros, sem importar as circunstâncias ou a maneira como determinado fato aconteceu. No caso dos Nardoni, a imprensa e a sociedade já haviam condenado o pai e a madrasta da menina, sendo que não havia sido realizada a perícia. Mais do que isso, havia uma multidão de pessoas em volta do tribunal, que iriam apedrejar o casal, caso estivéssemos numa outra sociedade. Ora, será que ali ninguém nunca pecou? Talvez a bipolaridade social seja olhar sempre o lado do outro, ao invés de nos importarmos com nossos próprios problemas.

Ao invés de tentar modificar o outro, por que não alterar nossos próprios erros? Por que não tirar aquilo que está de sujo dentro de nós mesmos? Se fôssemos donos da verdade, não estaríamos aqui, mas num lugar melhor, ou mesmo em cargos melhores. Existe uma frase de Mário Quintana que expressa bem o que digo neste texto:

"Por favor, deixem o outro mundo em paz! O mistério está aqui!"

O outro mundo não necessariamente é um outro planeta, mas sim a nossa mente, o nosso eu interior. Quando se passa a esquecer os erros do outro a fim de se olhar para dentro de nós mesmos, fazemos nossa evolução pessoal, aparando as arestas e tornando o mundo menos dúbeo, tornando-o mais linear...

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